sexta-feira, 29 de junho de 2007
A subdesenvolvida estética do Transe
PRELÚDIO:
A tentativa de narrar a "minha estética" dentro do audiovisual pode tomar uma faceta pedante, ou pior, um juízo de valor sobre o entendimento da amplitude artística. Porém, após uma exposição ostensiva de estética cinematográfica e de linguagens que rompem com o rasos e vazios sentidos behavioristas do entretenimento ou da lógica explicada decidi tentar teoriza-la.
Pois bem, vou tentar, narrando as experiências que vivi escrevendo, dirigindo e produzindo os curtas com minha assinatura, mostrar a lógica da Sub-desenvolvida Estética do Transe, entendimento que só tive tempos depois de produzi-los.
Cabe ressaltar que os curtas "Fora do Ar" (argumento, roteiro e direção), "Ta Aí" (argumento, roteiro, produção, edição e direção), "Saiu pra comprar cigarro e matou um cara" (argumento, roteiro, edição e direção) e "Tons de Luxo" (direção) não foram pensados/executados tentando seguir uma linha estética, pelo menos não conscientemente.
A tentativa de narrar a "minha estética" dentro do audiovisual pode tomar uma faceta pedante, ou pior, um juízo de valor sobre o entendimento da amplitude artística. Porém, após uma exposição ostensiva de estética cinematográfica e de linguagens que rompem com o rasos e vazios sentidos behavioristas do entretenimento ou da lógica explicada decidi tentar teoriza-la.
Pois bem, vou tentar, narrando as experiências que vivi escrevendo, dirigindo e produzindo os curtas com minha assinatura, mostrar a lógica da Sub-desenvolvida Estética do Transe, entendimento que só tive tempos depois de produzi-los.
Cabe ressaltar que os curtas "Fora do Ar" (argumento, roteiro e direção), "Ta Aí" (argumento, roteiro, produção, edição e direção), "Saiu pra comprar cigarro e matou um cara" (argumento, roteiro, edição e direção) e "Tons de Luxo" (direção) não foram pensados/executados tentando seguir uma linha estética, pelo menos não conscientemente.
- 1º Postulado -
"O transe inconsciente tem uma linha tênue com a alienação política, emocional ou cultural, já o transe consciente é a busca do desbunde, da contradição junto ao conformismo, formando assim uma semi-consciência. Enquanto isso o subdesenvolvimento vai catalisado tudo, o que quer que seja ."
"O transe inconsciente tem uma linha tênue com a alienação política, emocional ou cultural, já o transe consciente é a busca do desbunde, da contradição junto ao conformismo, formando assim uma semi-consciência. Enquanto isso o subdesenvolvimento vai catalisado tudo, o que quer que seja ."
Vida Fácil: O sub-desenvolvido transe cultural e a dicotomia reação-inanição
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A inalienável Alienação era o cargo chefe. O anarquismo da letra de uma música de uma banda de amigos era o combustível. Um clipe talvez, ou não, algo mais amplo e totalmente irrelacionável.
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Estavamos, eu e o Philipe Bastos, sentados no gramado do Espaço Cultural de Palmas (hoje Espaço Cultural José Gomes Sobrinho) esperando por mais alguma reunião do movimento estudantil. Éramos do Centro Acadêmico e acabávamos de entrar para as discussões políticas da comunicação e da cultura, tudo era muito novo e entusiasmaste. Passava por lá, coincidentemente, Mariana Barros, estudante de publicidade e velha conhecida de festas na arse 24. Surgia a primeira chance de produzir um curta. O argumento era um velho conhecido de gaveta mental, até então sem nome, que narrava um personagem na ilusão da mídia (mulheres, cerveja, dinheiro fácil e futebol) e sua futura indignação e reação virulenta à sua sub-condição.
De dinâmica simples, o argumento iria narrar o sonho/enganação do personagem. Ainda lembro quando senti pela primeira vez o gosto estético desse transe que eu tentava contar. A cidade era Imperatriz, no Maranhão. O bar/covil/junkieplace tinha como nome TNT, e uma banda chamada Noise Verm esmurrava notas de punkmetal (ou algo do tipo), os punks e aspirantes a punks rodavam dando socos e pontas-pé uns nos outros. Aquilo era a expressão da ligação entre a semi-consciência com a atitude (questionável ou não) e era aquilo que eu queria mostrar.
Na primeira reunião para discutir o roteiro, fui convencido (graças a Deus) a mudar o final que narrava um personagem surtado, possuído pela indignação quebrando sua casa toda. A produção (o mesmo Philipe Bastos do Espaço Cultural mais um outro amigo do CA, Renato Brasil) não considerou a cena dentro das possibilidades da nossa modesta produção.
Estava lá, e eu nem vi, a condição do subdesenvolvimento exigindo uma nova visão para aquele conflito. A violência ou explosão já não seria cabível, e culturalmente, quando o homem não tem autonomia para "deixar o vagão correr solto", acaba se adequando e conformando. O caminho do personagem mudou, o rompimento com o transe, que foi imposto a ele, cria uma relação de dependência que o faz refletir em segundos sobre seu recolhimento social, mas o transe volta e desta vez o personagem não está dormindo. Justifica-se a escolha das trilhas (apesar de ter sido totalmente despretensiosa); Björk compõe um melodia a lá caixinhas de música, o rompimento acontece quando Edith Piaf dramatiza a música "La Foule", o pós-moderno dá a vez ao espírito romântico, que não vê finalidade nele mesmo. O transe dá lugar a consciência, que também não vê continuidade nela mesma. Após acordar o personagem prefere voltar a dormir.
Da montagem, que recebeu uma tímida (principalmente em questões técnicas) participação de minha parte e da parte da Mariana (que assumira o papel de co-diretora), conseguiu resolver vários buracos e ambigüidades narrativas. Salve André Araújo, que foi além de editor, câmera e grande guru do curta. A propósito, esse curta viria a se chamar "Fora do Ar" e foi premiado no festival de cinema de vídeo de Palmas (CHICO) em sua edição de 2004, como o melhor curta universitário pelo júri popular. Avaliação final, o curta que quase se chamou "Vida Fácil" teve uma desamarração narrativa que me orgulhou, já a narrativa em si, nem tanto.
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- 2º Postulado -
"A música é a cadência do transe."
"A música é a cadência do transe."
"Ta aí", o raquitismo da subdesenvolvida Estética do Transe
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O raquitismo estético é a simplicidade à da trama. Além de não importar mais a qualidade técnica do formato, a qualidade do que se passa dentro da tela será reflexo simples das complexidades que a atuação humana pode alcançar, nos seus mais diversos aspectos dentro do vídeo.
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O ano de 2005 viria, assim como meu transe out, nada seria produzido. Tentativas institucionais parariam na falta de estrutura ou competência. Mas o estágio no laboratório Audiovisual do curso de Comunicação da UFT me traria um aprendizado técnico de utilizar-me de recursos muito menos que mínimos para produzir.
Inclusive, um material bruto que foi perdido ao preço da aprendizagem, foi rodado com o marginal Tácio Pimenta e o ator/cantor/bailarino/poeta Thiago Ramos. Um transeunte (Tácio) da semi-consciência desperta em um lugar estranho, bastaram poucos passos pela casa para perceber que não era ali que ele deveria estar. Ao tentar deixar o recinto encontra com um cadáver (Thiago).
Tão sem fim quanto aconteceu esse ensaio de vídeo, surgiu o “Ta Aí”, em 2006. A organização de um encontro estudantil me deixou numa sub-condição, o subterfúgio estava em, sempre que possível, horas de música e de ócio absoluto. A fermentação artística do ócio junto com as preocupações políticas do evento expurgaram uma antiga reflexão que eu tentava ter sobre as relações humanas.
"Ta Aí" narra um possível casamento, ou um possível namoro ou uma provavel relação extra-conjugal. Talvez o apelo através do começo óbvio, D'ele (Piettro Lamonier) protagonizando uma cena de violência contra Ela (Mili Freitas), tivesse o papel de indicar um caminho para o público, fazendo com que eles começacem por entender aquilo como real. Só que, logo depois, fica claro que se trata de um transe e o primeiro passo é mostrar a irrelevância dos opostos. No momento, a construção dos personagens e seus respectivos sentimentos de ódio idêntico dita algo relacionavel a um materialismo dialético sentimental e a "vingança" dela passa ser o real. Em um transe cruzado, estão os dois deitados abraçados, descontruindo todo o ódio mostrado anteriormente.
Tão breve e simples quanto a marchina de Joubert de Carvalho (cantada por Tom Zé), a trama se desenrola na grande questão do vídeo. Onde está o racional, qual dos dois lados do vídeo não é transe? O relacionamento é o transe do amor e do ódio também. O raquitismo narrativo aponta o fim do vídeo com um trocadilho infâme (típico da minha mal-sucedida veia humorística).
"Ta aí" foi escrito/ensaiado/gravado em um espaço de tempo curtíssimo, só a "montagem honesta" (segundo o jornlista Luis Melchiades) se estendeu por um tempo um pouco maior. Logo depois de finalizado (em formato VCD, por falta de uma gravadora de DVD) o vídeo foi exibido no programa "Cinematoca" que passava na afilidada da TV Cultura no Tocantins. Inscrito a duras penas no festival Chico (que só voltaria a contecer em dezembro de 2006) e sem muita concorrência, foi premiado como melhor vídeo universitário pelo juri popular, melhor vídeo universitário no juri oficial e como melhor vídeo tocantinense.
Quanto a mim em relação ao "Ta Aí", sigo um ciclo de amor e ódio com ele. A metalinguagem também é um transe.
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- 3º Postulado -
"O transe é extremamente racional, mas é de seu princípio não se reconhecer como tal."
O suicídio do Super-Homem: Um transe existencialista
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"Assumindo o papel de seu maior inimigo, o ser-humano se trai em um jogo de pensamentos que o fazem acreditar estar em uma outra condição que não o transe. Ele não é capaz de entender ou aceitar aquilo que mais quer."
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O raquitismo é uma experimentação estética muito positiva, porém é difícil aceita-la como condição permanente. Na oportunidade/obrigação acadêmica de produzir um curta com uma equipe de produção percebi que quanto mais se tenta explicar mas se entende e menos se esclarece para outras pessoas. A dispersão por estar coordenando alguém não me permitiu explorar os recursos fílmicos que desejava, a edição, que estava propondo um trabalho de vetorização, ficou pela metade. Percebi que a idéia de teorizar os sentimentos de transe seria frustrada pelo fato dela ser ofuscada pelo único recurso que realmente ficou bom... o jogo de câmera, o que foi vital para que o filme se visesse entender como um transe, mas perdeu o foco.
Avaliação: péssima, um ótima oportunidade perdida. Quem sabe com uma verba boa, uma equipe mais madura e uma boa inspiração.
Avaliação: péssima, um ótima oportunidade perdida. Quem sabe com uma verba boa, uma equipe mais madura e uma boa inspiração.
quinta-feira, 28 de junho de 2007
VIAGEM - um documentário baseado em fatos ficcionais
experimental 8' 07''
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Uma jornada estética entre o mundo real, o eu poético e o início de tudo, sugere novas abordagens para o entedimento do próprio homem.
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roteiro, direção, produção: Antônio Fabrício, Pedro Márcio e Tácio Pimenta
edição e montagem: Antônio Fabrício e Pedro Márcio
elenco: Antônio Fabrício e Tácio Pimenta
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terça-feira, 19 de junho de 2007
quarta-feira, 13 de junho de 2007
artigo auto-biográfico
o positivo sobre o positivo
é o
indefinido
...
precipita-se é:
tão errado
quanto ambigüo
é o
indefinido
...
precipita-se é:
tão errado
quanto ambigüo
segunda-feira, 11 de junho de 2007
Quando o sertão virar mar, boiarão em Miame Beach guarda-chuvas e glauber-rochas
* um reflexão poética-política do aquecimento global (se é que isso é possível)
A Natureza não é uma instituição, ela é uma entidade (espiritual, talvez), e como tal que não é, ela pouco negocia ou remedia. A natureza simplesmente reflete, como tal que é.
O homem civilizado deu para discutir meio-ambiente e o apocalíptico aquecimento global, agora que seu terno se encharcou de suor e que seu senso de sobrevivência e perpetuação o advertiu para a possibilidade de inexistência de uma sociedade para seus filhos explorarem daqui alguns anos.
O anti-messias Glauber Rocha profetizou que o sertão viraria mar, e que na terra do sol e dos buracos na camada de ozônio, o fim do homem seria sua própria razão em busca da exploração desenfreada. Mas que injustiças plenas não sejam proferidas unicamente aos “porcos capitalistas”, quando cabia também ao ser chamado “Subdesenvolvimento” a consciência de não comprar guarda-chuvas cuja madeira do cabo, o petróleo do plástico que envolve o ferro (ou qualquer que seja o mineral) da armação e o próprio também fizeram parte de um processo degradante à natureza: “Maiores são as degradações do/para/pelo povo!”.
Anarcofolia a parte (ou a lá carte) é um notório erro simplesmente avacalhar o Buchê, o Blér e quem mais for, quando nosso extinto pequeno burguês nos faz acreditar que o aquecimento global é só uma questão de consciência ambiental e que fazer sua parte é só não jogar lixo no chão ou separar o lixo orgânico (sendo completa burrice não fazer isso) quando toda a política do ser humano se resume a alcançar lucros cada vez maiores custando o que já custou e o que virá a custar.
E o que importa? Daqui alguns anos, na frialdade ignorância da terra, muitos estarão tentando pegar ondas gigantes em Miame Beach. Enquanto a mim, particularmente, gostaria de estar em Recife para tomar banho de canal quando as calotas polares derreterem.
A Natureza não é uma instituição, ela é uma entidade (espiritual, talvez), e como tal que não é, ela pouco negocia ou remedia. A natureza simplesmente reflete, como tal que é.
O homem civilizado deu para discutir meio-ambiente e o apocalíptico aquecimento global, agora que seu terno se encharcou de suor e que seu senso de sobrevivência e perpetuação o advertiu para a possibilidade de inexistência de uma sociedade para seus filhos explorarem daqui alguns anos.
O anti-messias Glauber Rocha profetizou que o sertão viraria mar, e que na terra do sol e dos buracos na camada de ozônio, o fim do homem seria sua própria razão em busca da exploração desenfreada. Mas que injustiças plenas não sejam proferidas unicamente aos “porcos capitalistas”, quando cabia também ao ser chamado “Subdesenvolvimento” a consciência de não comprar guarda-chuvas cuja madeira do cabo, o petróleo do plástico que envolve o ferro (ou qualquer que seja o mineral) da armação e o próprio também fizeram parte de um processo degradante à natureza: “Maiores são as degradações do/para/pelo povo!”.
Anarcofolia a parte (ou a lá carte) é um notório erro simplesmente avacalhar o Buchê, o Blér e quem mais for, quando nosso extinto pequeno burguês nos faz acreditar que o aquecimento global é só uma questão de consciência ambiental e que fazer sua parte é só não jogar lixo no chão ou separar o lixo orgânico (sendo completa burrice não fazer isso) quando toda a política do ser humano se resume a alcançar lucros cada vez maiores custando o que já custou e o que virá a custar.
E o que importa? Daqui alguns anos, na frialdade ignorância da terra, muitos estarão tentando pegar ondas gigantes em Miame Beach. Enquanto a mim, particularmente, gostaria de estar em Recife para tomar banho de canal quando as calotas polares derreterem.
Antônio Fabrício – Pseudo Anarco-parnaso-socialista, graças a Deus.
domingo, 10 de junho de 2007
Transe
Depois de um carnaval de domingos, qualquer transe é brincadeira... ao latim. Dos sistemas ludwiganos de superexposições e das sessões tardias que adestraram meus olhos e mente
ao óbvio.
Detenho um ide pelego que de artigo de luxo tornou-se algo politicamente correto, porque explicar as cenas e tomadas é contar piada de português ao contrario, mas também é algo tão útil quanto o risinho no final do trocadilho intelectual.
"Je suis Jean Cocteau", a inversão da linearidade do visual auditivo. "Entre um" uma narrativa absoluta em estrofes concretas. "Terra em Transe" e todas as razões para se retomar uma arte engolida por mediocridade destra e canhota.
ao óbvio.
Detenho um ide pelego que de artigo de luxo tornou-se algo politicamente correto, porque explicar as cenas e tomadas é contar piada de português ao contrario, mas também é algo tão útil quanto o risinho no final do trocadilho intelectual.
"Je suis Jean Cocteau", a inversão da linearidade do visual auditivo. "Entre um" uma narrativa absoluta em estrofes concretas. "Terra em Transe" e todas as razões para se retomar uma arte engolida por mediocridade destra e canhota.